quarta-feira, 22 de junho de 2011

Perfil

Ela é a paciência em pessoa. Ela é amorosa, bem humorada, carinhosa, dedicada, jovial, vivida. Ela é linda, negra, cabelos escuros com lindos cachos, pele macia, sorriso incomparável. Estatura mediana, pernas grossas, mãos delicadas e um semblante de mulher guerreira. Mulher que sabe sobre a vida. Que já sofreu e já foi muito feliz. Mulher que ama o que faz e faz o que ama. Mulher que acolhe apenas com seu olhar à quem demonstrar algum afeto. Mulher que acima de tudo pensa na família e nunca em si primeiro. Mulher que não se compara, não se explica, pois é mãe e só isso basta para que todos estes adjetivos sejam reduzidos frente à sua magnitude.

Ela é Mary Rossecler Peinado da Silva, 46 anos. Mãe de duas meninas (mulheres), chamadas de seus bebês ainda. Ela é dona de casa que tem gosto de cuidar de seu lar e de sua família. Tendo sempre o amor e a fraternidade como base, sua família, composta por quatro pessoas, ela, as filhas e o esposo, cresceu e se desenvolveu nos últimos anos. No fim de 2009 Geisa, a filha mais velha, se casou e já esta esperando a primeira neta de Mary. A alegria e os laços de seus entes queridos só aumentaram desde então.

Irmã de duas mulheres e um homem, ela relembra um pouco de sua infância. “Não tínhamos muitas condições financeiras. O pai e a mãe trabalhavam, mas nós todos também começamos a trabalhar cedo. Lembro-me que estudava em um colégio público e levava para as aulas um saco plástico com meus tocos de lápis de cor. Nós sempre nos tratamos muito bem, mas como todos os irmãos, às vezes brigávamos. Um dia, eu e as gurias combinamos de dar uma surra no Gerson, o irmão mais novo, pois ele tinha feito algo para nós que agora sequer me lembro. Trancamos ele dentro de casa, mas logo o pai chegou e não permitiu que judiássemos dele”, contou Mary.

Trabalhando e estudando, Mary não conseguiu dar continuidade à ambos e na sétima série ela deixou de estudar para apenas trabalhar. Quando tinha idade o suficiente ela começou a sair e gostava muito de dançar. “Eu e a Rose, uma grande amiga, ensaiávamos durante a semana os passes de dança para que quando chegássemos na ‘Discoteca’ pudéssemos dar um show na pista”, disse ela, e segundo seu esposo, que a conheceu na época, elas realmente davam um show. “Elas dançavam muito bem. Tinha um outro rapaz que também fazia passes na discoteca, mas as duas sempre ganhavam. Era quase uma competição”, ressaltou Nilton Cláudio da Silva.

Ela é a minha mãe.

*Texto produzido para a cadeira de Redação Jornalística II - UNISINOS 2010