quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Igualzinho

Um dos motivos que me fizeram escolher fazer Jornalismo foi a falta de rotina no dia-a-dia de trabalho do profissional. Nunca há mesmices. Cada dia, cada fato, cada texto, tudo mudo constantemente, não se tem um cronograma específico, se tenta seguir um, mas no momento que um fato muda tudo muda. Não gosto de rotina. Tenho horror a ficar repetindo e repetindo tudo do mesmo jeito sempre. Claro que as vezes é inevitável, mas não deixa de ser chato.

Por outro lado a rotina tem lá seus pontos positivos, como por exemplo: é improvável se perder. Hehe! Há quem goste de seguir sempre a mesma ordem das coisas, de manter tudo em seu lugar sem tentar ver como ficaria de outra maneira. Definitivamente eu não sou esse tipo de gente. Gosto de mudanças de novidade, de trocar as coisas de lugar, de comer miojo só pra não comer feijão e arroz de novo - que os céus me perdoem por isso -, mas é bom diferenciar.

Há alguns dias tem me chamado atenção a ordem e horário exato das coisas lá fora. Pego sempre o mesmo ônibus pra ir trabalhar, com o mesmo motorista e sento sempre do mesmo lado, contradição? Pode até ser, mas involuntária. No entanto, o que vem me intrigando é que sempre a mesma mulher senta do meu lado e vai colocando os brincos no caminho. Na volta sempre tem um toc de celular com a risada do pica-pau, sempre o ônibus para na sinaleira antes de dobrar e um cadeirante atravessa a faixa de segurança. Sempre um carro preto - acho que é um Focus, dobra a esquina enquanto passamos e sempre o mesmo motoboy corta a frente do ônibus antes dele entrar no corredor.

Engraçado isso tudo ocorrer sempre no mesmo horário. Mas é o cotidiano das pessoas. Mas será que o cadeirante nunca se atrasa? Será que o motoboy nunca troca o caminho? Será que eu é que sou mesmo chata? Hihi! É bem provável! Mas algo que ainda não tinha pensado é em quantas pessoas talvez também reparam em mim fazendo sempre o mesmo trajeto? É... tem sempre alguém nos observando. Tomara que não seja sempre da mesma janela, porque daí é de se desconfiar.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Sala 306

Sempre achei que terapia era coisa pra gente que fica meio perdida no vácuo. Gente que fala sozinha e não sabe o porquê da sua própria existência, mas involuntariamente me rendi a essa experiência. Faz tempo que tomei essa decisão. Optei por conversar com um estranho porque não sabia mais diferenciar os conselhos bons e ruins das minhas amigas. Meus pais sempre foram atenciosos, mas eu tinha 17 anos e não queria que eles se preocupassem comigo.

Não costumo falar de mim aqui. Não acho que esta seja a proposta, mas recentemente vi o filme e li o livro Divã da Martha Medeiros que me relembrou algumas coisas importantes na vida. Aos 17 anos sofri muitas mudanças, no corpo, na mente e em tudo. Passei a ter de ser mais responsável, iniciei meu primeiro emprego, entrei na faculdade e tive a mais terrível decepção amorosa.

Passei a ter emoções diferentes das que já havia tido antes e tudo isso acontecia normalmente no mesmo lugar: na sala 306 da Clínica em que trabalhava. Lá, recebi a notícia de que passei no vestibular, avisei meus pais que tinha passado na prova da auto-escola, descobri que não era a única na vida do cara que eu gostava, briguei com amigas, muitas vezes chorei, contei segredos, rimos, fizemos terapia em grupo, fui informada de perdas de amigos e por último, fui tomada pela decisão de abandonar o barco. Lá, na sala 306 vivi grandes momentos, bons e ruins que me levaram a fazer uma busca de mim mesma.

Passei a fazer terapia para saber outra opinião sobre mim, pois a minha eu já não sabia mais e a das minhas amigas eram muito previsíveis - apesar de serem muito carinhosas. É estranho falar sobre isso, mas foi tão valiosa a experiência que me auxiliou a ser mais sensível e a desabafar. Não me permitia errar e quando errava me achava a última das criaturas. Não me permitia chorar e quando chorava me fazia-me engolir o choro. Não me permitia sofrer por besteiras, mas mesmo assim sofria. A ideia de descobrir como me achar e ter paciência comigo mesma passou a ser um exercício, um teste, um desafio que aos poucos fui descobrindo que era mais fácil do que eu pensava.

Nunca me faltou nada, graças a minha família e amigos sempre tive tudo que precisei , a necessidade de ficar sozinha, de renovar os ares e ouvir coisas diferentes foi relevante para formar o que sou hoje. Isso tudo não faz tanto tempo, mas só assim, aprendendo a analisar cada situação, foi que aprendi a ter paciência, juízo e confiança. É legal relembrar de tudo isso, pois são ciosas que ficam apenas na memória. Se aquelas paredes falassem teriam muito a dizer sobre as diferentes emoções que lá vivi.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Oh vida!

Quem foi que disse que dinheiro não compra felicidade? Quando eu era criança acreditava nesse ditado. Via nas historinhas infantis que se bastava ter amor. Hoje já vejo as coisas de outro ângulo. O primordial é a saúde. Se há saúde há todo o resto. Agora não vem me dizer que a felicidade não está aí pelo meio!

Pequenas coisas alegram nosso dia e agente não percebe, simplesmente porque não estava esperando ficar tão contente àquela hora da manhã. Hoje em dia o dinheiro compra até criança. E a felicidade? Eu diria que algumas onças no bolso ajudam bastante. O fato é que o money se tornou algo que todo mundo busca incessantemente. Antigamente era a felicidade que era buscada com tanta vontade, hoje, é o faz-me rir que abre o sorriso do operário no final de semana.

Uma roupa nova, uma bolsa da marca tal, um jantar em um ótimo restaurante, um carro chiquérrimo, uma viagem, tudo isso enche os olhos, a barriga e tudo mais. É sem dúvida maravilhoso, mas vai dinheiro, e se vai. Nada mais é feito sem grana, a mínima que seja. Tudo é pago e até uma caminhada na praça gasta uns três ou quatro reais, sim, pois está muito calor e cai bem um sorvetinho, não é mesmo?

O que me deixa de cara é pensar que há uns 10 anos atrás eu nem pensava se tinha dinheiro ou não, mais ia pra praia, comia em restaurantes, ia ao parque e ainda ganhava presente de natal, aniversário, páscoa e se deixasse até no carnaval. É, escrevendo isso agora acho que descobri onde está o problema que pede tantos cifrões: agente cresce, e aí quer andar com as próprias pernas.

Mãenhêêê... Quero voltar a ser criança.