Espírito Jovem
Cabeça vai, cabeça vem. Movimentação na cidade. Buzinas, engarrafamento. Choro de criança, coisas caindo, gente conversando e no último banco da estação de trem uma senhora quieta e cabisbaixa. Parecia triste, vendo-a de longe, deslocada e quieta, muito quieta! Chega o trem, e a velha senhora embarca. Ao sentar pudemos ver o semblante daquela mulher que agora parecia misteriosa, no entanto nada tinha de tudo que eu disse.
Ela era bonita, visivelmente castigada pelo tempo, mas bonita. Estava sim muito quieta, porém era porque estava ouvindo rádio no seu MP3 e como se pode ver mais de perto, estava bem concentrada no que ouvia, mas mudava suas expressões muito rapidamente. Parecia alegre, entretanto às vezes fazia movimentos bruscos demais para uma senhora de seus setenta e poucos anos. Uma mulher muito interessante pude ver que não era só eu quem a seguia com os olhos, mesmo silenciosa em meio a toda aquela “muvuca” de cidade grande aquela senhora chamava atenção, justamente por sua descrição e silêncio.
Compenetrada a velha senhora não largava seu MP3, devia estar ouvindo hinos da igreja, quem sabe músicas de seus filhos ou ainda, um ídolo desde a infância. Ela parecia ser a única pessoa que não se sentia incomodada com o aperto do trem, que cada vez aumentava mais, e não demonstrava menor vontade de descer. Enfim, ela mexe nos botões, parece trocar de música ou de rádio, e só então levanta a cabeça e vê a quantidade de pessoas ao seu redor, olha a paisagem da rua, mexe na bolsa e relaxa. Passados uns quinze minutos ela volta aos botões e recomeça tudo de novo.
Concentrada e com um aparente temperamento bipolar ela volta a se deter somente ao que escuta nos fones de ouvidos, como se todas aquelas pessoas barulhentas ao seu redor fossem abduzidas em um só instante e restará apenas ela no trem. Passados mais alguns minutos a senhora fica tensa, parecendo inquieta. O trem já não estava mais tão cheio, fazendo com que os passageiros sentados ficassem frente a frente. Foi então que em um só grito, juntamente, com um pulo de alegria aquela senhora de seus setenta anos gritou: Gooooooooooooooooolllll! Sim, ela escutava o jogo de futebol do seu time. Inevitavelmente, todos os passageiros riram. Intrigante, pois ela era a única quem escutava o jogo! Perguntei para um rapaz ao meu lado: Quem esta jogando hoje? Pois ele também não sabia. A senhora então desligou seu MP3 e educadamente se desculpou pelo leve escândalo que fez. Um menino ao fundo indaga: Pra que time tu torce vó? E ela respondeu: Sou de Santana do Livramento meu filho, e torço pro imortal Quatorze de Julho que fez um gol aos 43 minutos do segundo tempo.
Um pouco depois o trem para e a, agora jovem senhora, desceu do trem sobre os aplausos dos passageiros do vagão. Simplesmente, uma jovem senhora, gaúcha da fronteira, quatorzeana que se despede feliz como uma criança daquele público stressado e “jovem”, mas que para ela aparentava uns noventa anos.
Cabeça vai, cabeça vem. Movimentação na cidade. Buzinas, engarrafamento. Choro de criança, coisas caindo, gente conversando e no último banco da estação de trem uma senhora quieta e cabisbaixa. Parecia triste, vendo-a de longe, deslocada e quieta, muito quieta! Chega o trem, e a velha senhora embarca. Ao sentar pudemos ver o semblante daquela mulher que agora parecia misteriosa, no entanto nada tinha de tudo que eu disse.
Ela era bonita, visivelmente castigada pelo tempo, mas bonita. Estava sim muito quieta, porém era porque estava ouvindo rádio no seu MP3 e como se pode ver mais de perto, estava bem concentrada no que ouvia, mas mudava suas expressões muito rapidamente. Parecia alegre, entretanto às vezes fazia movimentos bruscos demais para uma senhora de seus setenta e poucos anos. Uma mulher muito interessante pude ver que não era só eu quem a seguia com os olhos, mesmo silenciosa em meio a toda aquela “muvuca” de cidade grande aquela senhora chamava atenção, justamente por sua descrição e silêncio.
Compenetrada a velha senhora não largava seu MP3, devia estar ouvindo hinos da igreja, quem sabe músicas de seus filhos ou ainda, um ídolo desde a infância. Ela parecia ser a única pessoa que não se sentia incomodada com o aperto do trem, que cada vez aumentava mais, e não demonstrava menor vontade de descer. Enfim, ela mexe nos botões, parece trocar de música ou de rádio, e só então levanta a cabeça e vê a quantidade de pessoas ao seu redor, olha a paisagem da rua, mexe na bolsa e relaxa. Passados uns quinze minutos ela volta aos botões e recomeça tudo de novo.
Concentrada e com um aparente temperamento bipolar ela volta a se deter somente ao que escuta nos fones de ouvidos, como se todas aquelas pessoas barulhentas ao seu redor fossem abduzidas em um só instante e restará apenas ela no trem. Passados mais alguns minutos a senhora fica tensa, parecendo inquieta. O trem já não estava mais tão cheio, fazendo com que os passageiros sentados ficassem frente a frente. Foi então que em um só grito, juntamente, com um pulo de alegria aquela senhora de seus setenta anos gritou: Gooooooooooooooooolllll! Sim, ela escutava o jogo de futebol do seu time. Inevitavelmente, todos os passageiros riram. Intrigante, pois ela era a única quem escutava o jogo! Perguntei para um rapaz ao meu lado: Quem esta jogando hoje? Pois ele também não sabia. A senhora então desligou seu MP3 e educadamente se desculpou pelo leve escândalo que fez. Um menino ao fundo indaga: Pra que time tu torce vó? E ela respondeu: Sou de Santana do Livramento meu filho, e torço pro imortal Quatorze de Julho que fez um gol aos 43 minutos do segundo tempo.
Um pouco depois o trem para e a, agora jovem senhora, desceu do trem sobre os aplausos dos passageiros do vagão. Simplesmente, uma jovem senhora, gaúcha da fronteira, quatorzeana que se despede feliz como uma criança daquele público stressado e “jovem”, mas que para ela aparentava uns noventa anos.
*Baseada no meu sogro que torce para este time que quase não existe mais.
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